Autor: Naiara Neves
Ele: Oi.
Ela: Oi.
Ele: Posso sentar aqui?
Ela: A praça não é minha. A vida é tua.
Ele se senta.
Ele: Dia difícil, é?
Ela: Talvez.
Ele: Como?
Ela: Talvez.
Ele: Não. Digo, como assim? Talvez?
Ela: Gosto dessa palavra. Uso quando não quero responder ao que perguntaram.
Ele: Ah.
Ela deu um sorriso sarcástico.
Ele: Aposto que se eu fosse ele, sorriria pra mim.
Ela: Ele quem?
Ele: O cara que você ama.
Ela: Não amo um cara.
Ele: Eu sei que ama. Eu te entendo.
Ela: Hum. Sofre também?
Ele: O que?
Ela: Digo, sofre por amor também? Que nem eu?
Ele: Não…Por amor não. Pela falta dele, talvez.
Ela: Talvez?
Ele: É. Gosto dessa palavra. Uso quando não quero aceitar os fatos. Aprendi com uma menina a uns minutos atrás. Ela tem um sorriso lindo.
Ela: Como sabe do sorriso dela? Ela nem sorriu.
Ele: Eu aposto nisso. Ela ainda vai sorrir pra mim.
Ela: Acho difícil, ela tá tendo um dia díficil.
Ele: Eu não.
Ela: Ah, então ela te desafia.
Ele: E eu desafio ela a começar tudo de novo.
Ela olha pra baixo.
Ele: Oi, posso sentar aqui?
Ela sorriu.
Ele: Viu, eu disse.
Ela: O que?
Ele: Que você tinha um sorriso lindo.
Mandaram para mim .
Caio Fernando Abreu
Alô? Tem algo marcado pra hoje? Queria saber se você quer sair para beber alguma coisa? (E ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei… Queria saber se você não está a fim de amar um pouco? Se aceita ser amado. E me amar.) Aí a gente pode bater um papo. Sair com a turma.
Uma coisa estranha vai a cada dia vai se tornando mais grave, mais preocupante, uma coisa que não é fácil de se explicar, são pensamentos, sonhos, desejos, coisas feitas, que não fazem bem, que qualquer hora pode levar a um grande acidente, a um fato que muitos não vão esperar e vão se chocar. Não dá para entender como isso acontece, mais não é nada bom, só prejudica uma pessoa, porém se algo mais grave acontecer pode deixar muitos tristes, uma coisas involuntária, que na hora que me dou conta já fiz, pensei e já estou em lagrimas, estou me prejudicando cada vez mais, essas coisas que passam em minha cabeça, que começo a fazer mais com medo não vou até o fim, e agradeço por esse medo existir, se não, não estaria mais aqui, e o pior de tudo é que não consigo dizer para ninguém o que me acontece, quando tento as palavras não saem, ago prende tudo aqui dentro.
Minhas palavras não me parecem fazer entender o que quero dizer, prefiro assim que não sejam tão claras, que aja um certo mistério nelas, esse mesmo mistério que carrego, que me sufoca, que não me faz bem, que a cada dia que passa me faz pensar que não vale a pena resistir, que devo me entregar, que tenho que deixar me levar.
Não posso deixar de dizer que te amo e muito menos deixar que tu esqueça. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e não vou negar, posso até guardar comigo, mais negar não, eu te amo e quero você comigo, te quero tão bem.
Caio uma vez citou: “Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que escrevi..” e talvez, o alguém foi bem mais além. Atravessou muitas paredes e tocou cada pessoa bem profundamente. Cada uma com um pedacinho de Caio que seja. Que seja doce. Abriu poços de inspiração para muitos, e libertou pedacinhos de sofrimento de outros. Nos ajudou a atravessar Agosto, e a atravessar a vida. Tão doída, tão sofrida. E com aquela alma fascinante, nos mostrou que ela pode ser bela. E como é bela a vida… 63 anos, anjo! E quem iria imaginar que teus consolos molhados de ressaca de tanto beber lágrimas a noite inteira virariam parte da vida de muitas pessoas? Você foi em frente e realizou o teu querer! Eu, particularmente – e creio que não seja a única – TE AMO pelo que você escreveu. E amo me pegar choramingando ao relembrar um texto teu. Ou me encontrar em cada frase, oração que um dia foi escrita por ti. Tanto fez, tanto faz, tanto continuará fazendo. E sabe, anjo, do mesmo jeito que estudo Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Camões, Eça de Queiróz, Graciliano Ramos (…) Meus filhos te estudarão em literatura.. Você conseguiu, Caio. Chegou onde – eu acho – você pretendia. E fez com que eu, e muitas outras pessoas chegassem onde queriam. Conselheiro, amigo, tão próximo e tão distante. Parece que conhecia cada um de nós sem ao menos termos nascido. Eu amo o teu trabalho, Caio. Eu amo tua alma libertadora que ascendeu tanto luxo em minh’alma. Eu te amo, de forma diferente de amar, mas amo. Feliz aniversário, anjo.